domingo

Bando AfroMacarrônico


Fazia eu junto com os compositores Vanderlei Mazzucatto e Caio Prado e mais uma porção de pessoas queridas um espetáculo denominado Pra Quem Teve Paciência, onde cantávamos coisas nossas, com foco nas características do samba de São Paulo. Com o fim do espetáculo fiquei sem saber o que fazer, só compondo solitariamente até que juntei a Maraysa e Dulce Monteiro que faziam os coros no show já mencionado e montei o Bando AfroMacarrônico, que trazia a idéia de radicalizar o que já fazíamos no Pra Quem Teve... assumir uma postura geralmente negada pelos núcleos do chamado "samba de raíz", que era buscar as nossas próprias referências regionais, esquecer um pouco a Portela, a Mangueira. Porque vou compor canções exaltando escolas de sambas ou bairros de outro estado se nunca pisei lá? Porque tenho que ter vergonha do meu sotaque? Vou ser o que sou e acabou. Vou falar de Guarulhos, zona leste, centro e dos causos que me envolvem. Isso foi em 2001.
Com o passar dos anos o Bando sofreu várias paradas cardíacas e quase não sobreviveu, o grupo passou a trabalhar com regularidade somente no ano de 2005 graças a sua residência no Ó do Borogodó, tradicional bar com música ao vivo, que já abrigou (ou abriga) artistas como Fabiana Cozza, Dona Inah, Ney Mesquita, Alessandro Penezzi, Juçara Marçal, entre outros.
A sua formação diversificada influencia definitivamente na sonoridade do grupo, a começar pelas cantoras:
Railídia, entrou no grupo em 2003, além de grande conhecedora de sambas, tem uma memória assustadora, traz em sua bagagem os sons da Amazônia, o carimbó, o boi, além de toda cultura musical que carrega.
Dulce Monteiro, considerada o xodó de todos, doce, bela e sobretudo carismática. Abre voz com facilidade, ou seja, sai cantando a terça ou a sexta de qualquer melodia, dizem que é porque ela já cantou muita música caipira, mas na minha opinião, é porque ela vive tomando água tônica.
Alex Macedo, além de batuqueiro, é grande fabricante de instrumentos de percussão. Conhece praticamente todas as manifestações negras oriundas das antigas plantações de café, como o batuque de umbigada, congada, moçambique, jongo e sobretudo o samba-de-bumbo (samba rural, caipira), arranca gemidos do tal instrumento, quando se assanha, sai tocando o bumbo no meio do salão.
Douglas Germano é compositor, cavaquinista, violonista, percussionista, arranjador, cartunista e os cambaus. Participou do primeiro show do Bando e juntou-se a nós em 2006. Além da vivência pelas escolas de samba paulistanas, Douglas Germano (vulgo Cuca) é dono de uma obra única, original e singular, que dialoga com a cidade, seus dramas e seus desfechos.
Julio Cesar, percussionista dinâmico, trouxe para o Bando, além da herança genética do samba paulista difundida pelo seu pai Oswaldinho da Cuíca, os ritmos caribenhos e de várias Áfricas, também passeia pela música erudita.
Hoje o Bando AfroMacarrônico se embrenha não só pelo samba, mas por tudo que escutamos e que nos influencia, da macumba ao jazz, da cumbia ao tango.
Kiko Dinucci

Bando AfroMacarrônico é:

Kiko Dinucci - voz, violão, composições
Douglas Germano - voz, violão, composições
Railídia - voz
Dulce Monteiro - voz
Alex Macedo - percussão
Júlio Cesar - percussão

Fotos: Gina Dinucci
(parte superior, da esquerda para a direita: Júlio Cesar, Dulce Monteiro, Douglas Germano)
(parte inferior, da esquerda para a direita: Kiko Dinucci, Alex Macedo, Railídia)

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bonita a sua apresentação do grupo Kiko. Parabéns sempre pelo seu talento, sua simpatia, sua competência e do grupo todo também. O Afromacarrônico é algo singular!
Beijos com amor.
Lanlan, sua fã e amiga orgulhosa por tê-lo em meu caminho.
A vida vale mais a pena assim...

Anônimo disse...

Fiquei surpresa e entusiasmada com seu trabalho, música de ótima qualidade e você, um artista completo; boêmio explorador de culturas e das boas coisa que nossa metrópole oferece...
...Ah!já fiu frequentadora assídua do Estadão, hoje não mais.
Boa sorte e muito sucesso.